sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Escrever para não praticar. Situações hipotéticas. (Denise Yeou)

O bullying que eu sofri
Quando eu tinha onze anos, sofria muito. Todo o mundo me chamava de gorda ou de baleia, só porque eu era um pouquinho fortinha. Ouvia também mimosos apelidos como pati ou patricinha, só porque era um tanto vaidosa.
Na escola, todos os meninos mais velhos ficavam me azucrinando.
Quando eu me olhava no espelho, a cada dia que passava, via-me realmente mais gorda e, consequentemente, infeliz. A humilhação só crescia. Deprimia-me muito.
Para emagrecer, recorri ao método mais barato: dedo na garganta.
Certo dia, partilhei com minhas amigas meus métodos: pouca comida e muito vômito. Elas ficaram horrorizadas. Forçaram-me a comer. Apesar de minha resistência, sabia que tal atitude era para meu bem. Contudo eu não almoçava e muito menos jantava. Passava todo o dia com um restrito café da manhã. Disseram que eu estava bulímica. Avisaram-me que eu podia não ter volta deste perigoso regime.
Todo encontro com elas era uma guerra: comer ou não comer eis a questão. Elas ameaçaram-me abandonar caso insistisse em radical prática.
Eu estava morrendo aos poucos.
Entre o bullying dos meninos e os conselhos de minhas parceiras, fiquei com elas. Antes viva do que morta. Afinal, sou mais eu.

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